28-05-2015 - 12:19
Um dos candeeiros é um boião de iogurte. Poderia ser pendurado no tecto ou montado num suporte que o transformasse num candeeiro de secretária. Tem dois interruptores, um para cada lâmpada LED. “A luz deste LED é focada, é boa para estudar. Esta é mais..." Govinda Upadhyay, o criador dos kits que permitem construir estes rudimentares candeeiros, abre os braços, para exemplificar como a luz da segunda lâmpada se espalha pela sala.
A estrutura de todos os candeeiros que Upadhyay tem para mostrar foram montados com o que poderia ser lixo. O que interessa são os poucos componentes essenciais: uma lâmpada LED, um pequeno painel solar, um interruptor e uma bateria. Este conjunto, bem como o manual com instruções de montagem, custa cinco dólares.
O projecto, chamado LEDSafari, ganhou o prémio Change (“mudança”), do Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, um organismo da União Europeia, que já tinha apoiado financeiramente a ideia.
"Há muitas soluções diferentes para fornecer iluminação aos países menos desenvolvidos, a áreas desfavorecidas economicamente e a povoações. Mas o projecto de Govinda destacou-se porque tinha a combinação perfeita entre forte inovação, educação e um modelo de marketing muito inteligente", afirmou o júri.
Por ora, foram vendidos cerca de dois mil kits, em países como o Quénia, Ruanda e Tanzânia, e também na Suíça, onde Upadhyay, um indiano de 27 anos, está a fazer um doutoramento.
Há muitas ideias diferentes por trás do conceito do LEDSafari, explica o criador. Por um lado, é um candeeiro barato e que pode ser facilmente reparado, se alguma peça se avariar. Por outro, permite aos utilizadores criarem um objecto personalizado. E pretende também ensinar os rudimentos de electrónica – será, por isso, usado também em escolas suíças.
A meta de Upadhyay é ambiciosa. O projecto-piloto arrancou na Índia, há quatro anos e o criador quer agora massificar a ideia. O objectivo é vender vender 500 milhões de kits nos próximos anos.
Na conferência de apresentação dos prémios, nesta quinta-feira, em Budapeste, Upadhyay disse ser várias vezes confrontado com a questão das vendas. "É aqui que entra o fundamental. Mantemo-nos fiéis ao que é fundamental. Isto não é para vender o produto, é para criação de conhecimento. Eles [as populações dos países em desenvolvimento] devem ser parte da sua própria inovação".
Fonte: PÚBLICO em 07/05/2015 - 12:33
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